Suns Brasil

O fim-de-semana de carnaval (e, porque não, de All-Star) foi movimentado nos bastidores do Phoenix Suns. Fontes revelaram que Steve Kerr está prestes a fechar um acordo com o Cleveland Cavaliers, no qual o time do Arizona receberia o veterano Ilgauskas (que seria dispensado) mais o jovem promissor JJ Hickson em troca de Amare Stoudemire.

O rumor é antigo, já se falava em tal desde a offseason, mas a maioria relevou, já que oferecer tal pacto é o mesmo que meia dúzia de Balas 7 Belo; benefício nulo. A justificativa de Kerr seria o "alívio financeiro" se livrando do alto contrato de Ilgauskas. Mas, senhores, concordam que o alívio seria o mesmo deixando o contrato de Stoudemire expirar? Além do fato de poder contar com Stat até o fim da temporada. Tem aquele papo de "receber o Hickson é melhor que nada". Até concordaria, se JJ Hickson não fosse equivalente ao "nada". Com todo respeito, mas Hickson tem médias de 7 pontos e 4 rebotes por jogo. Não é sequer um jogador ascendente.

O que vem ao caso no artigo, na verdade, é o General Manager Steve Kerr. O ex-jogador que se destacou no Chicago Bulls e ex-comentarista da rede americana TNT assumiu em Junho de 2007, substituindo Bryan Colangelo, que se mudava para Toronto. Dali em diante, 217 jogos, com 132 vitórias e 85 derrotas, dentre muitas polêmicas envolvendo trocas, escolhas de draft e trocas de técnicos. Que tal rever alguns registros de Kerr na gerência do Suns?

O Suns seleciona o espanhol Rudy Fernandez, enviado para Portland em troca de considerações monetárias. Junto com ele, DJ Strawberry e Alando Tucker também foram escolhidos. Kerr também foi ao mercado dos agentes livres, para assinar com Grant Hill, Sean Marks e Brian Skinner. O pivô Kurt Thomas seria trocado por uma escolha de draft de segundo round do Seattle Supersonics (hoje Oklahoma City), no acordo o Suns também negociou suas escolhas de primeiro round dos anos de 2008 e 2010.

Em suma: de todos os atos de Kerr, o único acerto foi a contratação de Grant Hill, que vem atuando bem até a temporada atual. Somando a média de tempo de quadra de Tucker, Strawberry e Marks, não chegamos sequer a 20 minutos. A grande escolha seria Rudy Fernandez, que se destaca hoje no Blazers. Não condeno o Kerr pela "venda" de Fernandez, são apostas que devem ser feitas, e infelizmente ele apostou nos jogadores errados.

Numa tentativa de deixar o time com "uma cara de Playoffs", Kerr enviou o descontente Shawn Marion mais Marcus Banks em troca do Super-Pivô Shaquille O'Neal. Tudo bem, Shaq é Shaq, já chegou fazendo graça, torcida confiante, "agora vai!", mas não foi. Na verdade, foi aí que começou a grande incoerência do front-offfice. Nos Playoffs, o Suns sucumbiu diante do Spurs, numa série que só não foi 4 a 0 graças ao Triple-Double de Boris Diaw no jogo #5.

Resumindo: o time tinha um esquema planejado por Mike D'Antoni dependente de velocidade. A grande contratação para os Playoffs era de fato grande. Shaquille O'Neal pode ser tudo, menos veloz. A caída de todo o time era iminente. No fim das contas, a produção do ataque caiu e a defesa continuou na mesma situação. Com direito ao tal do Hack-a-Shaq.

Goran Dragic é contratado jutamente com Matt Barnes e Louis Amundson. Sean Singletary se juntaria à equipe em troca de DJ Strawberry. Robin Lopez é draftado.

Na offseason entre as temporadas 2008 e 2009 Mike D'Antoni (despedido logo após a eliminação nos Playoffs) seria substituído por Terry Porter, que chega com a promessa de estabelecer a defesa, "defesa ganha campeonatos", mudar completamente o estilo, curar o câncer que era a correria de D'Antoni. O time começou bem, mas sem a tal evolução defensiva, ok. Porém, em meados de dezembro, Kerr surpreende a todos e troca Raja Bell + Boris Diaw + Sean Singletary por Jason Richardson + Jared Dudley.

Qual o sentido disso? Um treinador é contratado com o propósito de colocar em prática um jogo defensivo e você lhe tira o único bom defensor do elenco que será substituído por um jogador criado no Run n Gun de Don Nelson que, acreditem, é muito pior que o de Mike D'Antoni. Claro, Porter seria demitido mais tarde. Mas, que fique claro. É o mesmo que você pedir para alguém fazer um suco de uva e lhe dê meia dúzia de laranjas.

Grant Hill tem o contrato renovado, bem como Steve Nash.

No draft, com uma boa posição para escolher, Earl Clark é selecionado. Não foi uma má escolha, Clark ainda tem muito a evoluir e pode render bons frutos.

Channing Frye é contratado vindo da Free Agency, desacreditado, mas superou as expectativas, inclusive se destacando nos arremessos de 3 pontos (120 na temporada até agora).

Kerr é um homem de apostas. Vai errar e acertar com grande frequência, mas sempre será questionado. Com o rumor da vinda de Hickson se confirmando, fica claro que "JJ" é a bola da vez, e será a abertura da porta da renovação, que virá junto com o tal "alívio financeiro".

O intrigante é que as apostas de Kerr que deram certo, não cobrem nem um quinto das apostas falhas. Não falo em números, mas na qualidade em si. Muitos duvidavam de Grant Hill, ele tem atuado bem; com Channing Frye, idem. E não duvido que aconteça o mesmo com JJ Hickson, que , se vier, deve fazer seus 14 pontos por jogo. Como diria o grande poeta do filme The Girl Next Door, será que o suco valeu a espremida? Veremos.

Por mais oportunista que este artigo possa parecer, já que vem em meio a inúmeras críticas ao Kerr, vale pensar a respeito. Comente.